Quid Pro Quo

*Foto retirada do: massalo.tumblr.com

-Estás esplêndida.

-Eu sei.

-És sempre assim?

-Não, às vezes durmo.

-Desculpa?

-Nem que te colocasse a viver numa biblioteca, jamais entenderias a ironia do meu ser mesclado com mau humor e sarcasmo.

-A que se deve isto tudo? Ao facto de ter falhado ao nosso jantar?

-Tu não só falhaste ao último jantar, ou a nossa ida ao cinema, em Março, ou ao almoço em casa dos meus pais ou ao não passar o fio dental depois de comeres aquela cabidela que eu preparei para ti, só de calcinha. Tu falhaste quando abriste espaço para que eu desejasse outros homens e quisesse que meu corpo fosse contemplado em outras camas; tu falhaste quando deixaste que alguém ocupasse o teu lugar, ainda que por instantes, e me fizesse sentir bem sem ti por perto; tu falhaste quando não reparaste que eu estava disposta a largar o mundo e me fazer tua.

-Calma, eu posso te compensar.

-Com gemidos abafados, quadril dolorido, joelhos esfolados e costas arranhadas?(!) Achas que assim podes compensar o meu tempo perdido, devota dedicação e incondicional atenção?

-Mas eu te am...

-Shhh, podes parar por aí. Poupa-me, pelo menos hoje, desta tua mísera actuação, mal paga, de novela mexicana.

-Estás a ser demasiado drástica, tens que entender que...

-Que o quê?(!) Que não valorizas o esforço que faço por ti? Que colocas-me sempre na posição de culpada? Que molhas-me de falácias e enxugas-me com meias verdades?

-Deixa-te de dramas.

-Ah, desculpa. Shakespeare apoderou-se de mim.

-Já me vais lixar a cabeça, outra vez.

-Antes fosse, só nunca te esqueças que ninguém é insubstituível.

-Diz, que eu te deixo em paz.

-(Risos). Se sem a minha permissão, te colocas em vãs conquistas; ao me deixares em paz assumirás os teus emaranhados sexuais.

-Vamos conversar como adultos.

-Queres falar sobre o quão madura me tornei e sobre minha nova armadura de auto-confiança e sensualidade? Acabei de poli-la.

-És tão orgulhosa!

-Sim, sou; e com muito orgulho.

Por: Rosema Matias