quarta-feira, 8 de julho de 2015

Silhueta


Ela caminha em ritmo lento, envolvida num quotidiano ordinário. Disfarça os seus pensamentos insaciáveis com um olhar sufocante, a sua respiração dizima os seus medos e cobre-a com uma liberdade extraordinária.
Diariamente, é devorada por olhos de homens engravatados e com estilo de vida insignificante, ela atravessa o meu caminho e apazigua a minha meditação com o seu sorriso bandido.

Invade o meu espaço, sem pestanejar, e me faz ansiar por um beijo e um toque que escasseia frieza. À minha frente, contemplo a silhueta daquela mulher de cabelos negros e roupa justa, o seu olhar é vago e denota tranquilidade. Desejos absurdos sobrepõem a razão, nada mais tem importância se não a luxúria que os nossos corpos carregam.

Não sei medir o tempo exacto do nosso contacto, mas ainda consigo sentir o tamanho dos seus seios, não eram grandes mas eram firmes, a sua carne nua e a sua pele arrepiada. Nossos beijos eram longos, lentos, profundos, rápidos, ligeiros e arrojados.

À medida que o apetite subia a minha língua descia; da sua boca à virilha. Ela pressionava a minha nuca contra o seu sexo, me fazendo provar o seu mel que se misturava com a minha saliva.
Entre o medo pelo proibido e a doce excitação, as minhas convicções eram reforçadas e me faziam continuar.

Respirei sobre a sua cintura, beijei os seus joelhos; meus dedos entravam e saiam ao som agressivo da sua respiração, compondo melodias clássicas em nome do prazer e os seus gemidos eram música para mim. Entre as suas pernas, afastei os lábios vaginais e deixei o seu clitóris à mostra. Os meus lábios quentes chupavam a sua vagina e a minha língua circulava pelo seu clitóris, os seus gemidos eram cada vez mais intensos; nunca pensei proporcionar tanto prazer a uma mulher.

Cada toque despertava mais do seu libido. Antecedendo o clímax, revestida de malícia e sem pressa abusei do seu corpo até que suplicasse para parar e de si jorrar um néctar.
Antes de ser interrompida pela realidade, imprimi o meu pudor no íntimo da sua alma e gravei a minha ânsia no seu coração.

Por: Rosema Matias

2 comentários:

  1. Espectacular, ao ler consegue-se projectar esse acontecimento e uma narração bem real vem à tona. Parabéns

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  2. Intenso.
    Até encarnei no texto...
    Parabéns.

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