quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Desconhecidos


Éramos dois estranhos, como tantos outros, no meio da multidão; exaustos e vagueando à deriva, debaixo do sol escaldante dessa cidade, com o único propósito de encontrar sombra e um banco livre aonde pudéssemos sentar e depositar os nossos corações maltratados e cansados de sofrer.

Entre idas e vindas, não sei se por obra do destino ou pelas vicissitudes que carregávamos, encontrei-te. Estranhamente diferentes e desleixados no amor. Eu por não me entregar e tu por te entregares demasiado.
Decidimos parar, descansar e repensar. Já não queríamos relações à crédito nem muito menos financiamentos sentimentais; somos jovens. Possuíamos o capital necessário e resolvemos investir um no outro.

O tempo mostrou-nos que era possível que desconhecidos partilhassem sonhos, fantasiassem um futuro comum, dividissem a mesma cama, trocassem fluídos e almejassem conquistar o mundo, em fracção de segundos.
Tínhamos os mesmos receios, medos, ansiedades, preocupações e todo o negativismo que ligações interpessoais acarretam. Contudo, fomos...

Fechei os olhos e quando voltei à abri-los, já não conseguia assimilar a minha vida sem ti. Quem me iria acalmar com um beijo na testa? Quem me iria proteger do frio com um abraço? Como seriam os meus dias sem as tuas palavras de conforto? Que mão estaria junto a minha quando eu precisasse de coragem?


Acendeste a chama de mil perguntas em mim que foi fortemente apagada, pelo sopro de realidade, que o teu corpo fez ao levantar do banco e a deixar-me ali, com o coração na mão.

Por: Rosema Matias

4 comentários:

  1. ''O tempo mostrou-nos que era possível que desconhecidos partilhassem sonhos, fantasiassem um futuro comum''....Essa parte , sim senhora...amei o post, cntinuem assim, agora estou a espera do vosso Livro tho!

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  2. Incrivel como depois de baixarmos a guarda e deixar que alguem nos cative torna se difcil imaginar a vida sem tal pessoa.

    Muito bonito o texto.

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