quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A Minha Doce Ilusão


Hoje, a dor da tua ausência, acordou-me. Eram 6 da manhã e, já eu me encontrava de pé, prestes a repetir a rotina diária de quando cá tu ainda estavas; por momentos hesitei, contudo, arrumei-me para o dia que mal tinha começado e já eu rezava para que ele terminasse.

Nem mesmo o silêncio ensurdecedor, que se fazia sentir, era capaz de abafar aquela voz irritante que ecoava na minha cabeça e me questionava incessantemente, porquê disto tudo?
Ao tentar ignorá-la apercebi-me que, de facto, a minha esperança seria a última a morrer, pois eu a alimentava com Tornedó de Novilho ao Molho Bordalês em Cama de Batata Doce Lascada e Telha de Presunto, enquanto a realidade era masoquista comigo, vezes e vezes sem conta, deixando-me sempre na posição de submissa.

Sinto saudades de viajar no teu olhar; era a única coisa que transmitia sinceridade quando me enganavas. Dos dias ensolarados e das noites frias. Os nossos risos demorados já não se concretizarão, tornou-se tudo tão vazio.
O que mais me dói é viver ao pé de ti e ver-te passar todos os dias pela minha janela; conheço os teus horários e em nenhum deles o teu rosto se levantou em direcção ao meu.

Mas sabes, esqueci de todas as vezes que não ligaste, das vezes que soube que estavas com outra e de tantas outras que implorei por uma palavra tua; guardo o que de bom me proporcionaste, porque o que sinto por ti é bem maior que isso e a saudade aperta a cada dia que passa. Já se foram 93 dias.

Nossos encontros esporádicos nunca eram mera coincidência... Lembras-te de quando me chamavas Candy Bitch? Das loucuras que fizemos? Das madrugadas que passamos em branco a conversar? Dos sermões que me davas quando eu não me comportava como tua mulher? Seguia-te para que recordasses tais momentos.

Nesta manhã não fui atrás de ti, entreti-me com os meus pensamentos, uma chávena de café e um cigarro. Diz-me qualquer coisa, volta a iludir-me. Tuas manias e medíocre segurança, mantinham-me viva.

Quero mais uma ilusão, daquelas adornadas de ouro e cravejadas de diamantes, que alimente a minha alma e abrande essa morte; vem mostrar-me o teu sorriso mais falso e ludibria-me com um passeio de mãos dadas.


Esta é a minha carta. Espero, ansiosamente, pela tua resposta Betinho!

Por: Rosema Matias

10 comentários:

  1. Doces lembranças assaltaram a minha mente

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  2. Recordações únicas....

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  3. Texto Magnifico, palavras de alguem que nao esqueceu e sente muita saudade!!

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  4. Dramático, intenso e fez-me viajar por uns segundos!

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  5. Such a lovely text…
    But I'm wondering who is Betinho?
    ☺️��

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  6. Uau uau uau são as únicas palavras que encontro para descrever esse texto, sem dúvidas adorei esta top.

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  7. "Esqueci me de todas vezes que nao ligaste. Das vezes que soube que estavas com outra(...)"

    "Quero mais uma ilusao, daqlas cravejadas de diamantes e adornafas de ouro "


    E incrivel como muitas vezes a ilusao e melhor que o vazio da solidao..

    Um roll de memorias eqto o lia.

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