Valar Morghulis

Isso transcende um supérfluo convívio social, deixou de ser um desejo e passou a ser uma necessidade; necessidade estúpida de te tocar, de te abraçar bem forte, apertar as tuas bochechas e te beijar. Apreciar o teu rosto; teus olhos fechados e teus lábios roseiros em prontidão para receberem os meus e entrelaçarem-se em momentos de pura euforia.

Isso é profundo; envolve a vontade de ouvir a tua voz, ainda que por apenas alguns segundos. Meus ouvidos, instintivamente, buscam a musicalidade de cada letra por ti pronunciada que se fazem palavras e curtas frases, cheias de verborreias, com a mais eloquente das mestrias. É aquele som abafado que, na maior parte das vezes, nada entendo mas preciso ouvir.

Isso resume-se em querer saber como foi o teu dia, se comeste e se sentiste a minha falta, porque tudo o que eu quero é continuar a falar contigo por horas seguidas sem nem sequer anseiar que termine, tu me descomprimes; ouvir as tuas teorias e contrariá-las para te deixar brava, pois sei que detestas perder; mas eu sou engenheiro e nós nunca estamos errados.

Isso é bem carnal, abrange olhar-te nos olhos e só com os olhos te dizer, vou te comer... Vou te comer bem gostoso... Cinge pegar no teu braço e com o toque suave da palma da minha mão arrepiar a tua pele por dentro e por fora; é a frequência que vibra do teu corpo que o meu busca sentir. Entretanto, não pretendo apenas deixar as tuas pernas tremulas ou os teus pensamentos molhados, almejo acariciar os teus pensamentos, dar asas a tua imaginação, libertar-te das limitações que te prendem ao passado, recompor a tua imagem utópica de homem ideal, mostrar-te que não precisas ser dura a tempo inteiro e fazer parte dessa tua liberdade que tentas, quase que forçosamente, expressar.

Isso que estamos a ter, que ainda não sei o que é, com certeza, é superior a uma simples amizade. O teu ar adolescente, despreocupado e inconsequente, renova-me. És apenas tu que no auge da complexidade feminina esculpes palavras, piadas, canções, verdades ou mentiras arrojadas mas carregadas de autoridade suficiente para me fazer lembrar, que pela milésima vez ainda hoje e agora tenho que novamente ouvir.

Por: Rosema Matias (Ohini)